“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”
Luís Fernando Veríssimo

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

D'us


Quando Deus cagava no mato

Publicado em 25/12/2012 por Barros
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Longe de ser uma prova de amor (“Deus amou tanto o mundo que deu seu filho unigênito…”blah!), o suposto sacrifício de Jesus teria sido uma indiscutível prova de idiotice. Se Deus existisse, essa sua ideia de “salvar” a humanidade (dele mesmo, só lembrando…) através de um sacrifício humano já seria, por si só, ridícula. E seria tanto mais ridícula quanto mais poderoso fosse esse Deus. Ou isso, ou estaríamos todos nós vivendo num universo governado por uma divindade extremamente sádica.

Pense bem. Deus, uma criatura que é capaz de construir de átomos a galáxias, teria bolado um plano para nós escaparmos de sua ira. Isso porque, em algum momento, parece que nós o deixamos puto por não seguirmos as suas regras imbecis. O fato de um bando de macaquinhos arteiros feito nós termos tido a capacidade de enfurecer um Deus não é tão revelador quanto o fato de um Deus criador de universos ter-se enfurecido conosco. Mas, mesmo deixando isso de lado, e o crente faz questão de deixar isso de lado, considere-se apenas a solução que esse ser superior arranjou para o problema.

Ele teve um filho com uma mortal.

Ora, mas se não era um expediente muito em voga nas várias mitologias da época! Parece que, depois do descanso do Sétimo Dia, Deus ficou sem inspiração nenhuma e resolveu tirar algumas ideias das estorinhas que esses macacões aqui costumavam contar para ninar seus macaquinhos…

Esse filho, na verdade, seria ele mesmo disfarçado de gente. Nessa condição, ele se deu uma missão suicida, pela qual deveria ser executado após promover umas tantas badernas, e criar inimizades com os sacerdotes do seu povo, por transgredir as leis sagradas que ele mesmo, como Deus, lhes havia imposto. Uma vez morto e ressuscitado, ele iria querer que as pessoas acreditassem que ele, como Jesus, era Deus, e que a sua tortura e morte na cruz serviria para apaziguá-lo, como Deus, de estar puto porque nós não seguíamos as suas regras (as mesmas que ele também não seguiu enquanto estava aqui embaixo cagando no mato como todo mundo), mas ele continuaria puto se nós não acreditássemos que ele fez isso, assim como eu estou dizendo.

Não se envergonhe de ler o parágrafo acima de novo. A coisa é assim tão ridícula a ponto de deixar a gente zonzo. Isso parece mesmo, pra você, um plano concebido por um ser que sabe construir átomos e galáxias? Você só pode tá de sacanagem! Até o pessoal do SEBRAE teria inventado uma solução melhor! Isso pra mim tá mais parecendo um plano bolado por um bando de velhotes ignorantes que limpavam a bunda com areia quente.

http://deusilusao.com/2012/12/25/quando-deus-cagava-no-mato-2/

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sport Club Corinthians Paulista


Vencedor de demandas


Em 1910, o povo resolveu revolucionar o futebol e se emancipar do status quo. Diziam que futebol não era coisa para pobre, operário e negros. A classe trabalhadora se juntou a pequenos comerciantes e migrantes e imigrantes recém chegados à capital paulista para concretizar um sonho: nascia o Sport Club Corinthians Paulista. Em seus primeiros anos, o Corinthians era relegado pela força dominante do ludopédico, e os golpes foram recorrentes para tentar afastá-lo das disputas mais importantes. Não adiantou. Podem ter fundado e refundado ligas e associações, mas o único filho legítimo da várzea lutou e reverteu as vilanias.

Nos anos 1940, quando o Estado Novo getulista se viu obrigado a tomar lado durante a II Guerra, um emergente golpista quis mostrar suas asas e tomar nosso patrimônio. O Corinthians, que já se fortalecera em 20 e 30 e se consolidou como gigante no futebol brasileiro, foi ameaçado com uma intervenção do poder público. A corinthianada, sabida e calejada, fez manobras habilidosas e freou o ímpeto golpista daquela gente nojenta e safada que vive de penduricalhos. 

Dez anos se passaram e os resultados dessa tentativa frutrada de golpe se viram em campo: o Corinthians sofria e não dava a sua Torcida a alegria de um título. Começaram campanha ferrenha contra nossa imagem para, tolos, tentarem nos diminuir. Entrou em cena a Vila Maria Zélia e, de lá, surgiu o maior time que o futebol já viu. Ganhamos tudo, inclusive a tal "projeção internacional" que só viria a ser pauta 40 anos depois. Nunca a bola foi tão bem tratada como nos tempos da Santíssima Trindade, composta por Cláudio, Luizinho e Baltazar.

Tivemos, então, o jejum. E, apesar dos 23 anos sem conquistas, a Fiel revolucionou os paradigmas da arquibancada. Como massa em repouso, só fez crescer, estabelecendo uma referência que perdura até hoje como, segundo previu Menotti del Picchia no começo do século XX, "um fenômeno sociológico a ser estudado em profundidade". Surgiram os Gaviões. Fizeram a Invasão ao Rio de Janeiro. E veio 1977.

Ano sim, ano não, o Corinthians passou a ser campeão.Mais ainda, o clube disse a um Brasil sob ditadura militar que era preciso democracia. A Democracia Corinthiana, aquela que retomou os ideais inclusivos e participativos dos ancestrais de 1910. Ao invés de apoiar, chamavam seus articuladores de baderneiros, bêbados e drogados. O tempo, porém, soube inteligentemente mostrar o que tudo aquilo significou.

Aí, os raivosos inventaram de falar que o Corinthians era um time regional, tratando pejorativamente o maior campeão do Paulistão, apesar dos 23 anos de seca. Não durou muito tempo o discurso, já que em 1990, no Salão Para Festas Corinthianas, um grupo de trabalhadores levantou o caneco do Brasileirão. Nas ruas, festa jamais vista, por todo o país, e as falácias contra o Time do Povo cada vez mais ralas e sem consistência.

Quase que imediatamente, a resposta dos fígados opilados veio por meio de um torneio continental que, até então, era tratado com tanta importância que os times brasileiros mandavam seu elenco reserva para a disputa. Virou a "obsessão". Tanta obsessão que, ainda que tenhamos conquistado o mundo em 2000, diziam que esse campeonato homologado pela federação internacional de futebol não valia. Só porque eles queriam.

Eis que chega 2012, ano em que morreram todas as piadas. Qualquer tentativa de reescrever a história se vê derrotada com a glória dos títulos que o Corinthians ganhou neste ano. Não pela grife ou pelo status, mas como a prova inconteste de que o Todo-Poderoso é, tal qual seu São Jorge padroeiro, um vencedor de demandas. Como dizia mestre Lourenço Diaféria, autor da bíblia corinthianista, "o Corinthians busca os títulos para dá-los ao povo, como forma de carinho, como a imaginária corda mi do cavaquinho de Adoniran Barbosa"

Nesses mais de cem anos de história, a lição é essa: inventem uma demanda e o Corinthians, empurrado pela sua torcida, a vence. Somos uma congregação que luta, que enfrenta e que vence. Somos uma família espalhada pelo mundo. Somos o Corinthians. E isso nos basta. 

VIVA O CORINTHIANS! OBRIGADO, CORINTHIANS, POR ME ESCOLHER!
http://chutaquiehmacumba.blogspot.com.br/2012/12/vencedor-de-demandas.html

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

El cagueta


O caguete Valério

Valério: "Caguete é mesmo um tremendo canalha"
(Foto Antonio Cruz/ABr)
E eis que o vetusto Estadão estampa, orgulhoso, a "denúncia" de que Lula foi não só beneficiado, mas um dos mentores do esquema do tal mensalão.
Treme a República!
Finalmente, depois de tanto tempo e tantos esforços, a incrível verdade afinal aparece - para o Estadão e todos os seus admiradores, claro.
Claro porque a fonte é esse incrível e desesperado Marcos Valério, tipo mais que suspeito, mais sujo que pau de galinheiro - vamos simplificar a sua descrição.
Personagens como Valério existem aos montes por aí. São famosos, frequentam todas as camadas sociais, se infiltram em qualquer lugar que possa render o que mais desejam - Valério já quis dinheiro, hoje quer apenas se livrar da prisão.
Para eles, nossos artistas já dedicaram muitas obras. Em poucas eles são os protagonistas, mas geralmente desempenham papel chave no enredo.
O grande Bezerra da Silva, intérprete maior da população oprimida, porta-voz das favelas, dos pobres e da fauna que habita o submundo, sabia muito bem que tipo é esse Valério.
Em 1984 gravou "Defunto Caguete" (Adelzonilton/Franco Teixeira/Ubirajara Lucio), um samba em que presta a sua homenagem a tipos como Marcos Valério (clique).
Bezerra sabia das coisas, Valério não sabe de nada, é só um caguete...

Mas é que eu fui num velório velar um malandro
Que tremenda decepção
Eu bati que o esperto era rife ilegal, 
Ele era do time da entregação 
O bicho esticado na mesa 
Era dedo nervoso e eu não sabia 
Enquanto a malandragem fazia a cabeça 
O indicador do defunto tremia (Refrão)
Era caguete sim! 
Era caguete sim! 
Eu só sei que a policia pintou no velório 
E o dedão do safado apontava pra mim 
Era caguete sim! 
Era caguete sim! 
Veja bem que a polícia arrochou o velório
E o dedão do coruja apontava pra mim 
Caguete é mesmo um tremendo canalha 
Nem morto não dá sossego 
Chegou no inferno, entregou o diabo
E lá no céu caguetou São Pedro 
Ainda disse que não adianta 
Porque a onda dele era mesmo entregar 
Quando o caguete é um bom caguete 
Ele cagueta em qualquer lugar

http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2012/12/o-caguete-valerio.html

domingo, 25 de novembro de 2012

O ódio (singular absoluto) a Lula


Por Weden

Lula é um político brasileiro com defeitos e virtudes. Se você não conseguir ver uma coisa ou outra é porque, certamente, a cegueira da paixão ou do ódio está tomando o seu corpo como um câncer.

O que se percebe no caso de Lula é que o ódio intenso tenta, sobremaneira, vencer o amor intenso. É uma luta. A luta entre o amor e o ódio a esse personagem da história
 brasileira.

Outros já experimentaram do mesmo fel. Mas não sei se há concorrentes para Lula. Talvez nem Getúlio.

Quantitativamente, Lula está em vantagem. Mas os odiadores acreditam que seu ódio seria de melhor qualidade, uma espécie de crème de la crème do ódio - um ódio insuperável por qualquer amor de multidões.

É um ódio cultivado com gotas de ira diárias nas páginas dos jornais. E de revistas. Cultivado com olhos de sangue, faca entre os dentes, espinhos nas pontas dos dedos.

Só nos últimos meses, Lula já "esteve" por trás do relatório do CPI da Cachoeira, teve caso com a mulher presa na última operação da PF, já tentou adiar o julgamento, já produziu provas para se vingar de Perillo (porque ele teria sido o primeiro a avisá-lo do mensalão), já tentou subornar Deus para que terminasse a obra no domingo.

A paixão amorosa conhecemos bem. Vem daqueles que se identificaram com ele e com ele conseguiram ser lembrados pela primeira vez na história da política brasileira: seja pelos programas sociais, seja pela ascensão econômica, ou até simplesmente pelas características pessoais, culturais e linguísticas. Vem também do louvor à camisa, ao vermelho da camisa do PT.

Mas encontrar representantes do ódio não é tão difícil também. E, como qualquer sentimento que desafie a racionalidade, eles encontrarão justificativas em qualquer coisa.

Mesmo que o ódio se disfarce de termos falsamente conceituais (lulo-petismo, lulo-comunismo, lulo-qualquercoisismo), o ódio a Lula não é um ódio-conceito. Não é abstrato. É material. Corpóreo. Figadal. Biliar. Visceral.

Também não é ódio consequência. Não é um "ódio, porque..." É um "ódio ódio", um ódio em si mesmo, um ódio singular absoluto, que se disfarça de motivos: linguísticos, culturais, morais, econômicos, etc, mas sempre ódio.

Lula já foi acusado de trair a mulher, de violentar o companheiro de cela, de roubar o Brasil, de pentecostalizar a África, de fortalecer "ditaduras" latino-americanas, africanas, asiáticas, de se curar do câncer em hospital particular (sim, uma acusação), de assassinar passageiros de avião, de dar o título à Vila Isabel, de provocar a fuga do vilão no final da novela das oito; já foi acusado de dançar festa junina, de beber vinho caro, de torcer para o Corinthians, de comer buchada de bode, de ter amputado o próprio dedo para receber pensão, de ter a voz rouca, de ser gente, de estar vivo, de ter nascido...

Só um conselho para os odiadores: o inverso do amor não é o ódio, mas a indiferença. No caso em questão, o ódio só acentua e inflama a paixão daqueles que, em maioria dos votos, acabarão levando vantagem.

Sejam indiferentes a Lula, e a história se encarregará de fazer o resto.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-odio-singular-absoluto-a-lula

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O impacto climático sobre a civilização Maia


Do eco Notícias
O cruzamento de registros com dados obtidos em cavernas permitiu reconstruir a história do impacto climático sobre os Maias. Ilustração Claire Ebert/ Penn State
Manaus, AM - Dois séculos de chuvas abundantes, entre os séculos V e VII depois de Cristo, favoreceram as colheitas e o crescimento da população Maia. Eles prosperaram, criaram grandes cidades e se espalharam pelas terras baixas tropicais, hoje divididas em Belize, Guatemala e México. Mas tudo mudou junto com o clima, que deixou a região mais seca e levou a total desintegração da sociedade Maia em poucos séculos. Os maias já haviam deixado de existir cerca de 400 anos antes de Colombo chegar à América.
Já se suspeitava há décadas da relação entre clima e fim da civilização Maia, mas a questão ainda era motivo de controvérsias. Agora, uma equipe multicisciplinar de cientistas pôde descrever com precisão a relação entre o desenvolvimento e declínio dos maias e as mudanças climáticas ocorridas ao longo de 2 mil anos. Para chegar ao resultado, os pesquisadores compararam dados obtidos em estalagmites encontradas em uma caverna no Belize, a poucos quilômetros da grande cidade maia de Uxbenla, com registros deixados pelos pré-colombianos. Os resultados foram publicados na edição desta sexta-feira (9 de novembro ) da revista Science.
De acordo com o estudo, períodos de alta quantidade e aumento de chuvas coincidem com o crescimento da população e desenvolvimento dos centros políticos, entre os anos 300 e 600. “De maneira incomum, grandes quantidades de chuva favoreceram a produção de alimentos e uma explosão na população entre os anos de 450 e 660”, diz professor de Antropologia na Universidade Estadual da Pensilvânia, EUA, Douglas Kennett, líder da pesquisa. “Isto levou a proliferação de cidades como Tikal, Copan e Caracol nas terras baixas Maias.
Cidade Maia de Caracol, no Belize. Foto: Douglas Kennett/Penn State
O período favorável foi seguido por uma tendência de seca a partir de 660 D.C., que culminou em secas ainda mais graves, as quais reduziram a produtividade agrícola e contribuíram para a fragmentação da sociedade e o seu colapso político. A fase de seca mais severa deve ter sido entre 1020 e 1100 DC, após o colapso se espalhar pelos estados centrais Maias.

Para Kennett, “Mudanças abruptas [do clima] são apenas uma parte da história. As condições precedentes estimularam a complexidade social e a expansão populacional. Posteriormente, ajudaram a chegar a um estágido de estresse na sociedade e fragmentação das institutições políticas”.

Os Maias deixaram em monumentos datas importantes, como nascimentos, mortes e ascenções de líderes políticos. Eles fazem menção também a secas e tempestadas,  ou ao sucesso e fracasso nas colheitas. Estes registros esculpidos rarearam após o colapso.
Cavernas de Yok Balum, Belize. Dados obtidos a partir da análise de estalagmites serviram para reconstituir o clima.
“Aqui nós temos uma maravilhosa sociedade estratificada que pôde criar calendários, arte, uma arquitetura magnífica e se engajou no comércio através da América Central”, diz o antropólogo Bruce Winterhalder, co-autor do estudo e professor de antropologia da Universidade da Califórnia. “Existiam artesãos inacreditáveis, proficiência em agricultura, homens de estado e militares -- e num intervalo de 80 anos, isto foi completamente desintegrado”.

Para Winterhalder, o colapso dos Maias é uma advertência sobre a fragilidade das institutições políticas atuais. “Suspeito que antes do rápido declínio e desaparecimento, suas elites políticas estavam bastante confiantes sobre suas conquistas. "Será que não estamos seguindo o mesmo e perigoso caminho?”

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A maleta


Desapego é essencial!


Descrição:http://4.bp.blogspot.com/-zXpawWLTrXc/UGRtEgDMdGI/AAAAAAAAKGU/OwHyucLIkFI/s400/Maleta-de-couro-para-ferramentas.jpg
O que tem na maleta?


Um homem morreu. 
Ao se dar conta, viu que Deus se aproximava e tinha uma maleta com Ele. 
E Deus disse: 
- Bem, filho, hora de irmos. 

O homem assombrado perguntou: 
- Já? Tão rápido?
Eu tinha muitos planos...

- Sinto muito, mas é o momento de sua partida. 
- O que tem na maleta?
Perguntou o homem.
E Deus respondeu: 
- Os seus pertences!!! 
- Meus pertences?
Minhas coisas, minha roupa, meu dinheiro?
Deus respondeu: 
- Esses nunca foram seus, eram da terra.

- Então são as minhas recordações? 
- Elas nunca foram suas, elas eram do tempo.

- Meus talentos? 
- Esses não pertenciam a você, eram das circunstâncias.

- Então são meus amigos, meus familiares? 
- Sinto muito, eles nunca pertenceram a você, eles eram do caminho.

- Minha mulher e meus filhos? 
- Eles nunca lhe pertenceram, eram de seu coração.

- É o meu corpo. 
- Nunca foi seu, ele era do pó.

- Então é a minha alma.  
- Não!
Essa é minha. 

Então, o homem cheio de medo,tomou a maleta de Deus e ao abri-la se deu conta de que estava vazia...
Com uma lágrima de desamparo brotando em seus olhos, o homem disse:
- Nunca tive nada?

- É assim, cada um dos momentos que você viveu foram seus. 
A vida é só um momento... 
Um momento só seu!
Por isso, enquanto estiver no tempo, desfrute-o em sua totalidade.

Que nada do que você acredita que lhe pertence o detenha...

Viva o agora!
Viva sua vida!

 E não se esqueça de SER FELIZ, é o único que realmentevale a pena!  
As coisas materiais e todo o resto pelo que você luta fica aqui.

VOCÊ NÃO LEVA NADA! 

Valorize àqueles que valorizam você, não perca tempo com alguém que não tem tempo para você.



Passe esta bela reflexão a todos que você gosta neste mundo e desfrute cada segundo vivido.

É isto que você vai levar.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A PIRACEMA PROGRESSISTA BRASILEIRA


Saiu na Carta Maior texto de Saul Leblon:


Vista a partir de retinas embaçadas de cansaço ou ideologia, a transformação social parece uma impossibilidade aprisionada em seus próprios termos: as coisas não mudam, se as coisas não mudarem; e se as coisas não mudarem, as coisas não mudam…

O sistema de produção baseado na mercadoria cria e apodrece previamente as pontes – indivíduos, partidos etc – das quais depende a travessia para uma sociedade justa e virtuosa.

Rompe-se o lacre da fatalidade no pulo do gato das sinapses entre as condições objetivas e as subjetivas, diz a concepção materialista da história. Mas a dialética dura das transformações reais não é uma mecânica hidráulica. Não é maquinaria lubrificada e autopropelida ao toque de botão.

A história é um labirinto de contradições, uma geringonça que emperra e se arrasta, desperdiça energia e cospe parafusos por onde passa. Para surgir um ‘Lula’ desse emaranhado tem que sacudir muito a estrutura. Greves, levantes, porradas, descaminhos etc. Dói. Demora. Décadas, às vezes séculos.

Uma liderança desse tipo – e aquelas ao seu redor; ‘uma quadrilha’, diz o vulgo conservador – constitui um patrimônio inestimável. Mesmo assim, é só o começo; fica longe do resolvido.

A ‘pureza’ política pretendida por alguns juízes do STF é pouco mais que uma bobagem de tanga disfarçada de toga diante do cipoal da história.

A cada avanço, não regredir já é um feito Quarenta milhões passaram a respirar ares de consumo e cidadania após 11 anos de governos progressistas no país. É uma espécie de pré-sal de possibilidades emancipadoras. Como evitar que essa riqueza venha a se perder no sorvedouro de futuro escavado por júniores & virgílios ?

Lula talvez tenha intuído o ponto de esgotamento do cardume ao final da piracema histórica impulsionada pelos grandes levantes operários do ABC paulista, nos anos 70/80.

Ao final de uma piracema, a ‘rodada’ do conjunto exaurido leva uma parte à morte; outra se deixa arrastar por correntezas incontroláveis; um pedaço sucumbe a predadores ferozes.

Lula precisava de um novo e gigantesco laboratório forrado de desafios e recursos para gerar contracorrentes, revigorar, sacudir e renovar a piracema progressista brasileira.

São Paulo tem o tamanho da alavanca necessária para fazer tudo isso e irradiar impulsos talvez tão fortes quanto aqueles derivados das assembleias históricas que dirigiu no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo.

Haddad, os intelectuais engajados, os movimentos sociais e as lideranças mais experientes do campo progressista terão que movê-la a partir de agora e pelos próximos quatro anos.

Está em jogo o próximo ciclo de mudanças da sociedade brasileira.

Colunistas sabichões dizem que ’se isolarmos São Paulo’, Lula fracassou.

Eles não sabem do que estão falando; apenas ruminam líquidos biliares da derrota na forma de desculpas para a explícita opção pela água parada do elitismo.

Topam um Serra cercado de malafaias & telhadas. Mas abjuram a correnteza de um PT – ’sujo pela história’, na sua ótica. Testam versões para abduzir a derrota esmagadora da água podre na figura do delfim decaído, José Serra , em São Paulo.

Na Folha desta 3ª feira as rugas das noites mal dormidas recebem o pancake daquilo que se anuncia como sendo “uma onda oposicionista que mudou a cara do poder no Brasil”.

A manchete traz a marca do jornalismo conservador cada vez mais ancorado em ‘pegadinhas’ à altura dos petizes que brincam nesse tanquinho de areia tucano.

Desta vez, a Folha induz o leitor ao erro de considerar ‘oposicionista’ como de oposição ao governo federal e ao PT. Na verdade, o texto trata das reviravoltas em que prefeitos e seus candidatos foram batidos por adversários locais.

Mas a isenção se dispensa de fornecer ao leitor o conjunto abrangente que relativiza a parte privilegiada. Aos fatos então:

a) o PT foi o partido que fez o maior número de prefeitos (15) no segmento de cidades grandes, com 200 mil a um milhão de habitantes;

b) o PT vai governar 25% do eleitorado nesse segmento;

c) juntos, os partidos da base federal, PMDB, PSB e PDT, fizeram outros 20 prefeitos nessa categoria das grandes cidades;

d) vão governar 26% desse eleitorado;

d) no conjunto, a base federal terá sob administração mais da metade dos eleitores desses municípios.

Os colunistas da Folha exageram na cambalhotas para induzir o leitor a ‘enxergar’ como foi horrível o desempenho do partido, ’se excluirmos’, dizem eles, a ‘vitória isolada’ em SP.

Em eleições anteriores, o esforço era para decepar o Nordeste ‘atrasado’ do mapa relevante da política nacional e, desse modo, rebaixar a crescente hegemonia do PT.

Agora que o PT de fato refluiu nas capitais do Norte e Nordeste é a vez de seccionar a própria jugular paulistana, que reúne 6% da demografia nacional e 11% do PIB.

A narrativa da vitória ‘isolada’, como se São Paulo fora um ponto fora da curva num deserto eleitoral petista, não é verdadeira sob quaisquer critérios.

Sozinho, o PT administrará o maior contingente de eleitores de todo o país (1/5 do total) e a maior fatia de orçamentos municipais (22%).

A vitória em SP tampouco foi um feito solitário no estado-sede do PSDB.

Bombam a derrota em Diadema, mas além da capital, o partido manteve e reforçou o chamado cinturão vermelho. Venceu em Guarulhos, Santo André, Mauá, Jundiaí, S.José dos Campos, Osasco e São Bernardo.

Nos próximos quatro anos, com uma eleição presidencial pelo meio, o PT governará 45% do eleitorado do Estado de SP, contra 19,3% do PSDB.

O cardume subsiste numeroso. O que se discute é outra coisa: a qualidade, a força e a direção do impulso que irá dotá-lo de fôlego transformador nos próximos anos. É disso que se trata. E isso é muito mais sério do que as cambalhotas da razão nos tanquinhos de areia do dispositivo midiático conservador.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Zé Dirceu


Mais uma vez, a decisão da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal de me condenar, agora por formação de quadrilha, mostra total desconsideração às provas contidas nos autos e que atestam minha inocência. Nunca fiz parte nem chefiei quadrilha.

Assim como ocorreu há duas semanas, repete-se a condenação com base em indícios, uma vez que apenas o corréu Roberto Jefferson sustenta a acusação contra mim em juízo. Todas as suspeitas lançadas à época da CPI dos Correios foram rebatidas de maneira robusta pela defesa, que fez registrar no processo centenas de depoimentos que desmentem as ilações de Jefferson.

Como mostra minha defesa, as reuniões na Casa Civil com representantes de bancos e empresários são compatíveis com a função de ministro e em momento algum, como atestam os testemunhos, foram o fórum para discutir empréstimos. Todos os depoimentos confirmam a legalidade dos encontros e também são uníssonos em comprovar que, até fevereiro de 2004, eu acumulava a função de ministro da articulação política. Portanto, por dever do ofício, me reunia com as lideranças parlamentares e partidárias para discutir exclusivamente temas de importância do governo tanto na Câmara quanto no Senado, além da relação com os estados e municípios.

Sem provas, o que o Ministério Público fez e a maioria do Supremo acatou foi recorrer às atribuições do cargo para me acusar e me condenar como mentor do esquema financeiro. Fui condenado por ser ministro.

Fica provado ainda que nunca tive qualquer relação com o senhor Marcos Valério. As quebras de meus sigilos fiscal, bancário e telefônico apontam que não há qualquer relação com o publicitário.

Teorias e decisões que se curvam à sede por condenações, sem garantir a presunção da inocência ou a análise mais rigorosa das provas produzidas pela defesa, violam o Estado Democrático de Direito.

O que está em jogo são as liberdades e garantias individuais. Temo que as premissas usadas neste julgamento, criando uma nova jurisprudência na Suprema Corte brasileira, sirvam de norte para a condenação de outros réus inocentes país afora. A minha geração, que lutou pela democracia e foi vítima dos tribunais de exceção, especialmente após o Ato Institucional número 5, sabe o valor da luta travada para se erguer os pilares da nossa atual democracia. Condenar sem provas não cabe em uma democracia soberana.

Vou continuar minha luta para provar minha inocência, mas sobretudo para assegurar que garantias tão valiosas ao Estado Democrático de Direito não se percam em nosso país. Os autos falam por si. Qualquer consulta às suas milhares de páginas, hoje ou amanhã, irá comprovar a inocência que me foi negada neste julgamento.

São Paulo, 22 de outubro de 2012

José Dirceu

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Jornal da Tarde já era.


Datafolha: Haddad lidera com 47%; Serra tem 37%


publicado em 10 de outubro de 2012 às 19:35

do UOL
DE SÃO PAULO
O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, aparece dez pontos à frente de José Serra (PSDB) na primeira pesquisa Datafolha realizada sobre a disputa no segundo turno na cidade.
Haddad aparece com 47% das intenções de voto, contra 37% de Serra. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O levantamento aponta ainda que 8% do eleitorado ainda não sabem em quem vai votar no dia 28, data em que voltarão às urnas para escolher o novo prefeito. Brancos, nulos e eleitores que afirmam que não votarão em nenhum também somam 8%.
Considerando apenas os votos válidos –quando são excluídos brancos, nulos e, no caso da pesquisa, também eleitores indecisos–, a vantagem é ainda maior: Haddad tem 56% e Serra aparece com 44%.
No primeiro turno, Serra foi o mais votado, com 30,75% dos votos válidos, enquanto Haddad obteve 28,98% dos votos.
Agora, no segundo turno, embora com um período de campanha mais curto, os candidatos terão mais tempo na TV e no rádio. Cada candidato terá 20 minutos diários divididos em dois blocos do programa eleitoral.
Em São Paulo, as propagadas dos candidatos voltarão a ser veiculadas na próxima segunda-feira (15).
A pesquisa foi realizada entre ontem e hoje e ouviu 2.090 pessoas e está registrada no Tribunal Regional Eleitoral com o número SP-01851/2012

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Geração N

Pais atormentados pela culpa, por trabalharem demais ou por optarem pelo divórcio estão criando filhos narcisistas, a chamada Geração N. Ao temerem a perda do amor dos filhos, são incapazes de lhes impor limites e cedem aos caprichos infanto juvenis sem ponderações. Numa espécie de compensação pela presumida ausência, cedem ao todo e qualquer  pedido dos filhos e exageram em conceder-lhes presentes e elogios. Jamais repreendem e só lhes dão estímulos positivos. Em consequência, as crianças não toleram a frustração de um desejo negado. Daí, os jovens se tornam egocêntricos, acham que são merecedores de tudo e não se esforçam para conseguir as coisas. Também não sabem como agir em situações adversas e são incapazes de respeitar os outros.

Luiz Fernando Conde Sangenis
Niterói RJ

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Bebida milagrosa




Se o seu objetivo é ter uma excelente saúde e um corpo cheio
de vitalidade; Tome nota!!!
Esta bebida milagrosa já existia há muito tempo, originalmente os
Médicos naturistas de China recomendavam-na aos doentes.

Conhecemos-la graças ao Sr. Seto, que não é uma celebridade pública,
é um homem normal como todos nós, que comprovou os resultados
desta bebida visto que se curou da doença que padecia.
 O Sr. Seto tinha Câncer de pulmão e comenta que esta bebida lhe foi recomendada por um famoso ervanário da China.

Ele tomou esta bebida, diligentemente, durante 3 meses e agora a sua
saúde restabeleceu-se assombrosamente, tanto assim que, por isso,
o quis torna-lo publico para dar a conhecer as maravilhas de uma
alimentação sã.

É um alimento ao alcance de todos com um custo ínfimo. E é por isso
que o Sr Seto quer chamar a atenção de quem padece de algum tipo
câncer, ou qualquer outra doença, para esta bebida milagrosa que
protege o corpo de tumores malignos e outras doenças auto imunes promovendo a cura.
Esta bebida milagrosa, segundo ele "trava"o desenvolvimento das
células cancerígenas.


ATC-EyoH6vhP34CTs7JA-PA@correio.portugalmail.pt
De que é feita????
A fórmula é muito simples, necessita somente de:

1 Beterraba
2 Cenouras
1 Maçã
É tudo o que precisa para fazer o sumo.!!!!



pwv8QSoH6vhP34CU7eng-PA@correio.portugalmail.pt


Instruções :
Lave
 bem todas as frutas, anteriormente mencionadas, corte-as com
a pele em bocados pequenos, ponha-os na centrífuga e, de
imediato, beba o suco.
Se não tiver centrífuga, bata tudo no liquidificador.



NeVKcioH6vhP34CVQcRg-PA@correio.portugalmail.pt
Se quiser, pode juntar uma laranja para lhe dar um sabor mais
refrescante.
Quando se deve beber.?? De manhã em jejum!!! .... 

Sómente uma hora depois vc deve tomar o café da manhã!!!



27GSLyoH6vhP34CV3Y3A-PA@correio.portugalmail.pt

Para conseguir resultados rápidos tome esta bebida 2 vezes ao dia:
Um
 copo pela manhã e outro uma hora antes do seu jantar


Por favor tome a bebida 
imediatamente depois de ter triturado os
ingredientes.

Este milagre da alimentação será efetivo para as seguintes doenças:


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1)Para:Prevenir o câncer e travar o crescimento das células
cancerígenas.
a)
  do fígado
b)  dos rins
c)  do pâncreas
d) 
e de úlcera também.

2)  Para fortalecer e prevenir :
a)  os pulmões
b)  um ataque cardíaco e a tensão arterial alta.

3)  Para Fortalecer o sistema imunológico.

4) É boa também para:
a) a vista
b) eliminar olhos vermelhos e cansados
 ​​ou secura nos olhos

5)  Para ajudar a eliminar a dor de:
a)  esforço físico (treino intensivo);
b)  dor muscular.

6)  Para desintoxicar
a) ajuda em problema de intestino preso
b) Ajuda no problema do
 acne.

7)  Para melhorar e eliminar:
a) o mau hálito devido à má digestão;
b) a infecção da garganta.

8) Para Diminuir as dores menstruais.

Não há absolutamente nenhum efeito secundário.

É de alto valor nutritivo.

Muito eficaz se necessita perder peso.

Vai dar-se conta que o seu sistema imunológico melhorou  depois de
seguir a rotina durante alguns meses.


POR FAVOR: FAÇA CIRCULAR ESTA MAGNIFICA RECEITA
ENTRE A SUA FAMÍLIA E AMIGOS...
CONTRIBUINDO PARA MELHORAR SUAS VIDAS !!!
suWEUSoH6vhP34CWKOxA-PA@correio.portugalmail.pt




 


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Virada Cultural na Venezuela


O cenário que tende a manter Chávez no poder

POSTED IN: AMÉRICA LATINADESTAQUES
Por: Igor Fuser - 15/09/2012.
Igor Fuser relata: desigualdades ainda são enormes. Mas direitos sociais, investimentos públicos e setor não-capitalista da economia transformaram  a Venezuela
Por Igor Fuser
A Virada Cultural, em Caracas, se chama Rota Noturna e ocorre uma vez por mês. Em julho, bandas de rock, reggae, salsa e outros ritmos embalaram milhares de jovens em pontos espalhados por todo o centro histórico, numa festa que só terminou ao amanhecer. Na edição seguinte, em agosto, a virada caraquenha teve como foco os museus, que ficaram abertos a noite inteira, oferecendo a um público de todas as idades recitais de música e poesia.
Para o visitante brasileiro, submetido ao bombardeio de grande parte da imprensa comercial sobre os horrores da “ditadura chavista”, Caracas é uma agradável surpresa. A população desfruta como nunca do espaço urbano, que vem sendo recuperado depois de décadas de abandono.
Como em qualquer metrópole da América Latina, o contraste social na capital venezuelana é dramático. Situada num estreito vale, com 20 quilômetros no sentido leste-oeste e apenas 4 no eixo norte-sul, a cidade é rodeada por favelas. Nos bairros chiques há mansões suntuosas, várias delas com campos particulares de golfe, luxo incomum no Brasil. Lá moram os donos das fortunas acumuladas graças à renda do petróleo – uma riqueza fabulosa, da qual o povo até recentemente só recebeu as migalhas.
Com a chegada de Hugo Chávez à presidência, no final de 1998, as regras do jogo mudaram. Um gigantesco pacote de programas sociais fez cair o índice de pobreza de 70% para 28%. “Se temos a sorte de ter petróleo, que seja usado em favor do povo”, defende Gustavo Borges, coordenador de uma rede de rádios comunitárias em 23 de Enero, bairro popular que está sendo urbanizado com a instalação de escolas, clínicas de saúde, quadras esportivas e iluminação pública. No ano passado, em viagem ao Brasil, Borges visitou a favela carioca de
Rio das Pedras, e se diz chocado com o que viu: “No teu país, a população mais pobre vive em condições abaixo da dignidade humana”.
A melhora da realidade social venezuelana é, de fato, impressionante. Em Caracas, dois teleféricos recém-inaugurados levam favelados até o alto dos morros. Nas ruas, não se enxerga uma única criança pedindo esmolas ou em situação de risco. Ninguém dormindo na calçada por falta de abrigo. O que mais se destaca na paisagem urbana são os canteiros de obras da Misión Vivienda, projeto governamental que pretende erguer em dois anos 350 mil casas ou apartamentos (mais de 90% já entregues) para a população sem teto ou precariamente instalada, no país inteiro. As moradias populares são espaçosas, construídas com material de qualidade e bem localizadas.
Muitos projetos habitacionais destinados aos mais pobres se situam em bairros de classe média, rompendo a segregação social no espaço urbano. Nem sempre os recém-chegados são recebidos com simpatia. “Existem pessoas de classe média que não aceitam viver ao lado dos pobres”, constata o arquiteto Francisco Farruco, um dos coordenadores da Misión Vivienda. “Eles consideram o nível de educação dos novos moradores inferior, ou inadequado seu comportamento, o que é muito discutível.” Para Farruco, esses conflitos são inevitáveis em um país que está reduzindo a desigualdade. Nas suas palavras: “O sonho de transformar Caracas passa por integração. Estamos construindo uma cidade que rompa com barreiras sociais”.
Erudição popular
Os sinais dessa mudança são muito claros. Como jornalista, viajei a Caracas várias vezes na década de 1990. Minha lembrança é de um lugar decadente e perigoso. Agora me surpreendi ao caminhar pela Sábana Grande, o centro comercial da cidade, limpo, bem iluminado e seguro. Numa esquina, um mágico reúne a seu redor dezenas de curiosos. Ali perto, crianças se divertem nos equipamentos recreativos instalados pela estatal Petróleos de Venezuela. A reurbanização daquela área faz parte de um imenso projeto de recuperação do espaço urbano, o que inclui teatros, centros esportivos, praças e monumentos históricos.
Entre os investimentos públicos, a ênfase à cultura chama atenção. Não por acaso, nos trens do metrô de Caracas se ouve música clássica o dia inteiro. É comum a presença de jovens carregando instrumentos. São alunos do Sistema Venezuelano de Orquestras, uma referência internacional. O país é, talvez, o único do mundo em que um maestro – Gustavo Dudamel, da Orquestra Sinfônica de Caracas – é um ídolo de massas.
A paisagem remodelada tem como pano de fundo uma transformação social mais profunda, que inclui a elevação da renda dos trabalhadores. Em 2011, a remuneração média teve um aumento real de 8,5% e o novo salário mínimo, anunciado em maio deste ano, um reajuste de 33,5%. A inflação, porém, é muito alta, 27% em 2011. O congelamento dos preços de 19 produtos essenciais garante uma relativa proteção ao poder de compra. E uma gigantesca rede de mercados e feiras livres estatais (a Mercal) oferece todos os itens da cesta básica pela metade dos preços do comércio privado.
Sem surpresas
A legislação trabalhista que entrou em vigor em maio amplia direitos dos assalariados em uma escala sem paralelo em qualquer outro país. O benefício em caso de demissão sem justa causa equivale à remuneração de 105 dias por ano de serviço. A trabalhadora que dá à luz ganha seis meses e meio de licença e tem garantia de emprego por dois anos. Ainda assim, a parcela da mão de obra com carteira assinada tem aumentado, e o desemprego se situa atualmente em 7,5%, um índice próximo ao brasileiro.
O “socialismo do século 21″, como Chávez batizou seu projeto político, convive com um setor privado que controla 70% da economia e garante gordos lucros aos empresários, graças à elevação do consumo popular. Do outro lado, as empresas controladas diretamente pelos trabalhadores crescem na preferência dos consumidores, com produtos como os laticínios Los Andes (vendidos até mesmo nas padarias dos bairros ricos) e o café La Fama de América, exportado para Europa e Estados Unidos. Na embalagem, essas mercadorias trazem sempre uma pequena frase, rodeada pelo desenho de um coração: Hecho en Socialismo.
Há ainda conquistas extraordinárias – que não caberão neste espaço – em educação, saúde e na participação política dos cidadãos, que se organizam em conselhos comunitários (mais de 40 mil, em todo o país) para fiscalizar as autoridades e definir investimentos públicos para as regiões onde moram. Como nada disso é divulgado na imprensa brasileira, na qual Chávez é apontado diariamente como um tirano grotesco, imagino a dificuldade dos leitores em entender o fato de ele liderar as pesquisas para as eleições de outubro com uma vantagem de 15 a 25 pontos sobre seu adversário direitista. Para quem conhece a verdadeira face da Venezuela, não há nisso surpresa alguma.