“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”
Luís Fernando Veríssimo

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Ator Bud Spencer morre aos 86 anos

O popular ator italiano Bud Spencer morreu, esta segunda-feira, em Roma. Tinha 86 anos. O anúncio da mortede Carlo Pedersoli, o verdadeiro nome de Bud Spencer, foi feito pelo filho: “O papá deixou-nos pacificamente às 18h15 (17h15 em Lisboa). Não sofreu. Estivemos todos a seu lado e a sua última palavra foi ‘obrigado’”, declarou Giuseppe Pedersoli à agência de notícias italiana, ANSA.
Carlo Vicente Pedersoli, cujo nome artístico foi Bud Spencer, nasceu no Borgo Santa Lucia, um bairro histórico de Nápoles, no dia 31 de outubro de 1929.
Para além do cinema foi também atleta e fez parte da seleção italiana de natação nos Jogos Olímpicos de 1952 e 1956. Foi também o primeiro italiano a nadar os 100 metros em menos de um minuto.
Tornou-se conhecido do grande público pela dupla que protagonizou com Terrence Hill nos cómicos ‘spaghetti westerns’ dos anos 70 do século passado.
O sucesso da dupla começou, em 1970, com
“Trinitá, Cowboy Insolente” (“Lo chiamavano Trinità”) e continuou logo no ano seguinte com “Continuaram a Chamar-lhe Trinitá” (“Continuavano a chiamarlo Trinità”).
O nome artístico Bud Spencer foi uma homenagem à sua cerveja favorita – a Budweiser – e ao ator Spencer Tracy.

domingo, 5 de junho de 2016

Nein zum putsch!, Não ao golpe

Nein zum putsch!, Não ao golpe: lá fora, o que você não lê por aqui

gegen
Fundado em 1947 o jornal Junge Welt, (Mundo Jovem) faz uma ampla cobertura dos atos Fora Temer! que estão ocorrendo no Brasil e mundo afora.
Conta com depoimentos de brasileiros de várias cidades do Brasil e reportagens sobre os movimentos que têm ocorrido em outras partes do mundo, como: Montreal, Berlim e Paris.
O golpe – diariamente negado pela imprensa brasileira, pelos parlamentares picaretas e também por ministros do Supremo  – faz parte do noticiário internacional, expondo  cada vez mais a imagem de um Brasil que regride 50 anos nas mãos de elites inconformadas com os avanços sociais.
A desmoralização internacional dos atores do golpe se intensifica à medida que novos passos para o afastamento definitivo de Dilma são dados.
E não se trata de movimentos exclusivamente de brasileiros que vivem fora do país. Muitos grupos que se organizaram para denunciar o governo ilegítimo são compostos por estrangeiros.
Em Paris, o movimento 18 de março conta com participação de trabalhadores e simpatizantes franceses, fenômeno similar ao que acontece em Montreal, no Canadá.
Berlinenses têm participado ativamente dos atos em favor da democracia no Brasil, os cartazes são significativos:
Berlin gegen den Putsch in Brasilien” (Berlim contra o golpe no Brasil) “Wir sind alle Brasilianer” (Somos todos brasileiros)
Para o jornalista e editor do jornal alemão, Peter Steiniger, o golpe é uma tragédia.
É uma tragédia. No Brasil, o povo está sendo roubado e o pior ladrão sentou-se confortavelmente na cadeira da presidenta eleita. Este Michel Temer montou um governo exclusivo de homens brancos e ricos. Ultimamente encontra-se uma “elite” reacionária na Política, Economia e no Poder Judiciário.
Não há voto para Temer e sua aliança de direita, muito menos para a transição neoliberal. Onde a mídia manipula, para aonde os governos desviam o olhar, onde as empresas veem oportunidades, nós – representantes do público – chamamos pelo nome de golpe  essa coisa que se disfarça como mudança democrática do poder
O Brasil está na boca do mundo e, ao contrário da imagem que tentam criar sobre as instituições brasileiras, o novo governo é chamado de quadrilha de ladrões, assim como o legislativo. A imprensa brasileira, sem crédito nenhum, é chamada de mentirosa e o Supremo, por sua vez, de omisso e covarde.

Os atos em favor da democracia no Brasil vão se intensificar mais pelo mundo, podem crer. O século 21 já não suporta aventuras deste tipo num país do nosso tamanho. E os governantes estrangeiros não colocar o mínimo suas mãos da cumbuca do caldeirão nacional.
Além da versão imprensa (Foto: Wellington Delazari), que circula neste final de semana, a versão on line alemã, do Junge Welt, publicou também fotos dos últimos protestos contra o governo golpista.
A matéria contou com apoio da Mídia Ninja e da Brigada Herzog.
Leia a versão em português, está aqui
Hoje, domingo, em Paris.
Manifestação na Praça da República contra o golpe no Brasil.
http://www.tijolaco.com.br/blog/nein-zun-putch-nao-ao-golpe-la-fora-o-que-voce-nao-le-por-aqui/

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Livro 'Resistência ao golpe de 2016' nasce movido à indignação

Alguns desses textos foram publicados em blogs, outros poucos em jornais.

O livro “Resistência ao Golpe de 2016” foi organizado por acadêmicos, jornalistas, cientistas políticos, advogados e líderes de movimentos sociais, que, ao longo da crise, se reuniam para trocar idéias e textos que escreveram. Alguns desses textos foram publicados em blogs, outros poucos em jornais. Participam 100 autores.
 
A coletânea foi organizada pela coordenadora do Programa de Doutorado em Direito da PUC-Rio, Gisele Cittadino, pela professora de Direito Internacional da UFRJ, Carol Proner, pelo advogado Marcio Tenebaun e o advogado trabalhista Wilson Ramos Filho, e será lançado nesta terça-feira, dia 31 de maio, às 19h, no Teatro Casa Grande, no Leblon, na Zona Sul do Rio, com a presença do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso.
 
Alguns autores foram convidados, como o acadêmico da Universidade de Coimbra,  Boaventura de Souza Santos, um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, e o cientista polítco, Wanderley Guilherme dos Santos. O deputado federal Wadih Damous consta do livro, bem como o deputado Paulo Pimenta.
 
À medida que a crise se instalava a discussão em torno do tema ficava mais animada e frequente. Wilson Ramos foi quem teve a iniciativa de reunir os textos em livro. Recolheu o material produzido pelo grupo e assim nasceu o compilado de 450 páginas. 
Tudo começou quando no dia 4 de março o ex-presidente, Lula da Silva, foi buscado em casa sob forte aparato, por uma operação da Polícia Federal, e conduzido para uma sala especial do Aeroporto de Congonhas, onde foi ouvido coercitivamente. Daquele momento em diante,  ninguém mais teve dúvidas. Era o golpe se instalando. Os que viveram tempos sombrios sentiram no ar o cheiro de enxofre. E para quê esperar mais? Quem pôde, em todas as capitais, saiu às ruas, para demonstrar que não, não seria assim, de bandeja. 
 
Por sorte de Lula e nossa, estava no aeroporto o ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Marco Aurélio Mello, que impediu que o ex-presidente fosse seqüestrado para Curitiba, conforme revelou depois. Na pista, um avião da Força Aérea Brasileira já o aguardava, de porta aberta, esperando apenas que cochilássemos, para levá-lo espalhafatosamente para Curitiba, onde desceria preso.
 
Para os que viveram a ditadura, os sinais eram fortes demais para cruzarmos os braços. Para os que não viveram, mas já ouviram de sobra sobre os seus efeitos - que até hoje reverberam na sociedade, vide o desaparecimento de Amarildo – o quadro que se desenhava era muito característico para ser ignorado.
 
E foi assim, num sem fim de telefonemas, encontros e reuniões, que fomos passando do estado de perplexidade ao espanto, e do espanto à indignação. Daí vieram os atos, as mobilizações, até que nos vimos difamados mundo a fora, com aquele espetáculo deplorável do dia 17 de abril, quando os deputados, qual freqüentadores do programa da Xuxa, mandavam “um beijo pra mamãe, pro papai e pra você”, votando pelo início do processo de impeachment. Una forma grotesca de maquiar o que o mundo chamou de golpe. Isto, sem falar na ode ao torturador, uma afronta aos mortos e desaparecidos na luta pela redemocratização desse país. 
 
Foi pensando nesse processo que tantas vidas nos custou, tanto sacrifício, tantos picos de inflação galopante, tantos anos em que os salários nada valiam, e conseguir um emprego era quase um prêmio, que o grupo se uniu para usar a arma que tínhamos às mãos. O teclado dos computadores. 
 
Naquele momento, era preciso literalmente botar a boca no mundo e gritar aos quatro ventos, como reagiu Chico Buarque, no Largo da Carioca, em ato no dia 31 de março: “Não, de novo não. Não vai ter golpe”. Passamos todos, cada um ao seu estilo, e correndo em raia própria, a denunciar a quebra da institucionalidade democrática que está ocorrendo no Brasil.
 
Escrevemos. Incansavelmente escrevemos. Denunciamos. Mas diante dos oligopólios da mídia, da vulnerabilidade de um Congresso minado pela corrupção doentia e digna de uma aprofundada investigação, e um Supremo - com honrosas exceções - acumpliciado com os que jogavam abertamente com o presidente do Congresso, Eduardo Cunha, não houve como salvar um modelo de país que tanto nos custou a ser delineado e construído. Um modelo que incluiu mulheres, negros, índios, foi rapidamente varrido para debaixo do tapete onde hoje pisam Temer e sua turma. Interinamente. É bom que se diga.
http://frentebrasilpopular.org.br/noticias/livro-resistencia-ao-golpe-de-2016-nasce-movido-a-indignacao-c2b8/