“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”
Luís Fernando Veríssimo

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Votação do impeachment revelou fatos desconhecidos sobre a Câmara

Jornal GGN - Ocorrida no último domingo (17), a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff revelou alguns fatos desconhecidos sobre os deputados e a Câmara. Um dos principais fatos é que somente uma pequena parcela dos parlamentares foi eleita por voto direto em 2014, com 73 representantes. Outros 440 chegaram ao Congresso graças ao quociente eleitoral e ao quociente partidário, que determina o mínimo de votos que um partido ou coligação precisa ter para eleger deputados, e também define a quantidade de vagas que cada partido/coligação ocupará na Casa.
Outro fato relevante é que, de todos os 513 congressistas, 273 são citados em ocorrências na Justiça ou em Tribunais de Contas, o equivalente a 53% da Câmara. As acusações vão de crimes eleitorais a de corrupção ou má gestão do dinheiro público. 
Da BBC Brasil
A votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados no último domingo deixou os brasileiros com os olhos fisgados na televisão, e não apenas pelo resultado: também pelos discursos dos deputados durante o voto.
Entre os comentários nas redes sociais sobre a votação, a palavra "vergonha" foi uma das que mais apareceu – usada por mais de 270 mil vezes para descrever o que acontecia na Câmara.
A tarde de domingo foi o dia de conhecer os 511 dos 513 parlamentares (dois se ausentaram da votação) e revelou algumas coisas sobre eles que pouca gente sabia.
A BBC Brasil preparou uma lista delas:
1) Uma pequena parcela dos deputados foi eleita por voto direto
A Câmara dos Deputados eleita em 2014 tem apenas 73 representantes que foram eleitos pelo voto direto de seus eleitores, segundo estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral. Os outros 440 ganharam o direito de ocupar as cadeiras do Parlamento por conta de dois elementos-chave do sistema político brasileiro: o quociente eleitoral e o quociente partidário.
Funciona assim: para ser eleito, qualquer candidato a deputado federal ou estadual depende não apenas dos votos que recebe, mas também dos recebidos por seu partido ou coligação.
Dessa forma, todos os votos válidos das eleições (número total de votos em candidatos ou legendas, descontados os brancos e nulos) são divididos pelo total de vagas em cada Parlamento (513, no caso da Câmara dos Deputados). Essa divisão resulta no quociente eleitoral. Para conseguir eleger deputados, o partido ou coligação precisará alcançar no mínimo esse quociente (veja explicação no fim da reportagem).
Depois disso, será determinada a quantidade de vagas que cada partido/coligação ocupará na Câmara. Isso depende de outra conta: a do quociente partidário.
Ele é calculado pela divisão do número de votos recebido por cada partido pelo quociente eleitoral. Quanto maior o quociente partidário, mais vagas os partidos/coligações obterão.
"Os votos computados são os de cada partido ou coligação e, em uma segunda etapa, os de cada candidato. Eis a grande diferença. Em outras palavras, para conhecer os deputados e vereadores que vão compor o Poder Legislativo, deve-se, antes, saber quais foram os partidos políticos vitoriosos para, depois, dentro de cada agremiação partidária que conseguiu um número mínimo de votos, observar quais são os mais votados. Encontram-se, então, os eleitos. Esse, inclusive, é um dos motivos de se atribuir o mandato ao partido e não ao político", explica o TSE.
O sistema, porém, traz incongruências: um candidato com um número expressivo de votos pode acabar não sendo eleito caso seu partido não atinja o quociente eleitoral. E um candidato que não receba tantos votos assim pode acabar sendo eleito caso seu partido tenha um "puxador de votos", ou seja, um candidato muito bem votado que acabe elevando o quociente partidário de sua coligação.
Foi o caso de Celso Russomanno (PRB-SP): dono agora da segunda maior votação da história da Câmara, com 1,5 milhão de votos, ele elegeu outros quatro deputados de seu partido (Sérgio Reis, que recebeu 45.330 votos, Beto Mansur, com 31.305, Marcelo Squasoni, com 30.315, e Fausto Pinato, com 22.097 votos).
2) Dos 513 deputados, 273 são citados em ocorrências na Justiça ou em Tribunais de Contas
Segundo um levantamento feito no projeto Excelências, da ONG Transparência Brasil, 273 dos 513 deputados que compõem a Câmara atualmente respondem a algum tipo de processo judicial. Eles são citados em ocorrências seja na Justiça ou em Tribunais de Contas.
O número representa 53% da Casa. Os processos variam de acusações de crimes eleitorais a de corrupção ou má gestão do dinheiro público.
Na lista dos partidos de deputados investigados, o PMDB lidera, com 53 parlamentares respondendo a processos (de um total de 85), seguido por PT, que tem 44 dos seus 73 com ocorrências, PP, com 40 de 50 e PSDB, com 37 de 62.
3) Congresso brasileiro representa pequena parte da sociedade, e há poucas minorias
Outra coisa que chamou a atenção de quem assistia à votação na Câmara foi a composição da Casa por uma imensa maioria de homens brancos, sobrando poucas cadeiras para negros, mulheres e indígenas.
Levantamento divulgado no site oficial da Câmara dos Deputados logo após a eleição de 2014 mostrava que 80% dos deputados eleitos eram homens brancos; um total de 15,8% se declararam pardos e 4,1% pretos; as mulheres compõem 10% da Casa; atualmente, nenhum índio ocupa cadeira na Câmara.
Esses números contrastam com a realidade da sociedade brasileira: de acordo com os dados mais recentes do IBGE, a população do Brasil é composta 54% por negros e 51% por mulheres.
4) Palavra 'vergonha' uniu o país durante a votação
 
Diante de uma polarização política intensa na sociedade, tanto entre defensores do impeachment quanto entre os contrários, muitos manifestaram repúdio aos discursos da maioria dos deputados na hora do voto.
A palavra "vergonha" foi citada mais de 270 mil vezes no Twitter durante o domingo, segundo levantamento da BBC Brasil com a ferramenta Sysomos, e a maioria dos comentários em que a palavra aparecia era sobre a votação.
"Enfim o 7 a 1 deixou de ser a maior vergonha do Brasil", comentou um usuário no Twitter. "Gente, vocês estão se sentindo representados? Porque a única coisa que me representa é a vergonha", dizia outro.
"De uma coisa eu sei: independente do SIM ou do NÃO, se a vergonha alheia não unir o brasileiro agora, nada mais fará", opinava um terceiro post.
5) Brasil "parou" e conheceu seus deputados: audiência de TV aberta registrou recordes
Com exceção do SBT, todos os principais canais de TV aberta transmitiram a votação do impeachment ao vivo e os dados de audiência mostram que boa parte do país estava sintonizada na televisão para acompanhar os votos – uma audiência que os parlamentares não costumam ter.
Na Rede Globo, a audiência teve picos de 37 pontos, o que representa cerca de 7 milhões de casas acompanhando a votação. A emissora passou quase 500 minutos sem interrupções com a cobertura ao vivo da Câmara dos Deputados, um tempo recorde – mais até do que durante a cobertura do 11 de Setembro, em 2001.
Somando as TVs abertas, foram mais de 50 pontos de audiência no domingo registrados durante a votação: 37 da Globo, 8 da Record, 4 da Band, 2 da Rede TV e 0,8 da TV Brasil. Esses dados são prévios e podem sofrer alterações com a divulgação oficial do Ibope, que só deverá acontecer na próxima semana.

1. A escolha do candidato

Quando você escolhe um candidato, seu voto vai, em primeiro lugar, para o partido e para a coligação (grupo de partidos que faz um pacto de governo) desse candidato. Preste atenção nas coligações: elas costumam ser diferentes para a disputa de cada cargo (partidos que se aliam para a presidência podem estar separados nas eleições estaduais e vice versa).

2. O destino do voto

Antes de ir para o candidato, seu voto é contabilizado para o partido. Para participarem da distribuição das vagas nas Assembleias Legislativas ou na Câmara de Deputados, esse partido e sua coligação precisam alcançar o quociente eleitoral.

3. Quociente eleitoral (QE)

O quociente eleitoral representa quantos votos o partido/coligação deve ter para conseguir uma cadeira. Ele é calculado dividindo o número de votos válidos na eleição (todos, exceto brancos e nulos) pelo total de lugares na Câmara ou Assembleia.

4. Quociente partidário

Após a contagem de votos, o quociente partidário determina quantas vagas cada partido/coligação terá na Câmara ou Assembleia. Ele é calculado dividindo o número de votos que o partido e todos os seus candidatos tiveram pelo quociente eleitoral.

6. Dança das Cadeiras

Os cargos são preenchidos pelos candidatos mais votados do partido/coligação até que se preencha o número de vagas que ele tem. O que pode acontecer:
  1. Se o partido não tiver o número de votos necessário para garantir uma cadeira (quociente eleitoral), o seu candidato pode não ser eleito, mesmo que seja mais votado que outros.
  2. Por causa dos cálculos, um candidato que receba um número muito grande de votos pode acabar “puxando” outros, menos votados, com ele.
http://jornalggn.com.br/noticia/votacao-do-impeachment-revelou-fatos-desconhecidos-sobre-a-camara

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Dilma, a esperança e a repactuação

A entrevista coletiva começou às 11 horas da manhã, no Palácio do Planalto. Em torno da mesa redonda, 14 pessoas, entre jornalistas de diversos órgãos, alguns assessores e a presidente Dilma Rousseff. Foi pontilhada de respostas, causos e tiradas de humor.
No final, uma pergunta sobre a esperança: por que acreditar que, derrubado o impeachment, tudo será diferente?
Dilma explicou com um "causo" dolorido, dos tempos da repressão.
- Um belo dia estava eu na Operação Bandeirantes; Daqui a duas horas você espera que vai ser interrogado. Depois, ia para o DOPS. Ficava torcendo para Fleury ir para o carnaval, porque aí não interrogava. Passava um tempo, ía para o Presídio Tiradentes. Você ia pensar o que? Não tem saída, é assim para sempre? Não é assim que se encara. Encara se tiver esperança, se souber que a vida é um pouquinho mais complicada.
Ela se lembrou de uma conversa com Franklin Martins:
- Sabe porque não temos mágoa dos torturadores? Porque nós ganhamos e eles não. Mas levamos 25 anos. Na pior situação, você sempre sabia que as coisas não são estáticas, são dinâmicas, os agentes sociais agem. Enquanto tem tudo isso, eu vejo uma manifestação democrática fantástica. E tenho certeza de que independentemente de mim, isso continuará, o país continuará avançando e a democracia se consolidando.
Foi o fecho para a entrevista, na qual a presidente passou por todos os temas propostos.

Sobre a crise e sua responsabilidade

Diante de situação, não há como negar a interação entre instabilidade política profunda que afeta o país há 15 meses, e a crise econômica, intensificado pela crise política. Nossa capacidade de recuperação se mostrou limitada pela crise política.
A crise econômica é cíclica, primeiro atingiu os desenvolvidos e, depois, os países em desenvolvimento. E não só o Brasil. Não dá para subestimar o efeito da crise das commodities sobre a economia.
No caso do Brasil, não acredito que nossas mazelas econômicas se devam fundamentalmente à política anticíclica de 2009. Adiamos os efeitos de uma crise que se aprofunda.
Ao fazer a política cíclica derrubamos bastante a arrecadação do país. Tivemos uma nível elevado de redução de impostos. Agora, pergunto: teríamos segurado o emprego na proporção que seguramos se não tivéssemos feito o financiamento através do PSI (Programa de Sustentação ao Investimento), com juros de 2,5% real; se não tivéssemos reduzido o imposto sobre bens de capital de 30% aporá 4%, se não tivéssemos desonerado o tanto quanto desoneramos a folha.
No meu período, de 2011 a 2014 criamos um pouco mais de 5,2 milhões de empregos. Se for olhar o saldo, mesmo com um ano e quinze meses de profunda crise, perdemos 2,6 milhões de empregos, e mantivemos saldo de 2,6 milhões.
Nossa política anticíclica segurou.

Daqui para frente

Agora temos de enfrentar várias questões. Ninguém saiu do processo de crise sem enfrentar. No caso do Brasil, temos agora uma situação mais favorável, com US$ 40 bilhões de superávit na balança comercial, segundo projeção do MDIC para este ano. Saímos em 2014 com US$ 4 BI de déficit.
Outra característica é a queda da inflação. Subestima-se o efeito de preços controlados. Não controlamos o clima e de 2011 a início de 2016 tivemos uma das maiores secas da história. Em 2015, neste mesmo dia, o nível dos reservatórios das dez maiores usinas estava em 22%. Agora, se pegar Furnas já estamos em 76,5%.
Enfrentamos todo o período com quase nada de água e sem racionamento, porque despachamos todas as térmicas. Não deriva de decisão governamental, mas de um sistema hidrotérmico.
Tivemos um ajuste brutal de tarifas ao botar todas as térmicas funcionando. Faz parte da estrutura do sistema. Um dos fatores que pesou na inflação, tanto para cima como para baixo.
Quando se explica porque a inflação está caindo, explica porque subiu.

As reformas e as pautas-bombas

Na queda no ciclo econômico, aparecem todos os defeitos. O Brasil tem várias disfunções que precisam ser ultrapassadas. Vamos ter que olhar e fazer reformas. Para tanto, há que se ter unidade.
Uma das disfunções são as pautas-bombas.
Pauta-bomba é aquela que o conjunto acredita que é possível sair de uma situação difícil botando fogo em todo o restante. No ano passado tivemos cinco pautas-bomba, no total de R$ 140 bilhões.
O PDL (Projeto de Decreto Legislativo) do juro simples veio da Câmara, do deputado Espiridião Amin (projeto que muda a fórmula de cálculo das dívidas estaduais com a União de juros compostos para simples).
São R$ 300 bilhões de diferença. E a paralisia que provocará e a perda de energia de termos de ir sistematicamente no Congresso para impedir.
Primeira reforma seria o fim das pautas-bombas, o fim do uso de expedientes políticos para paralisar o governo. Tivemos esse processo durante 15 meses e o principal personagem foi o presidente da Câmara..

Sobre o modelo político

Nós temos um sistema político com algumas características.
No passado, governava-se com 3 partidos. FHC governou assim. Lula governou com menos partidos que no meu período.
No início do meu segundo mandato, havia 28 partidos dentro do Congresso.
O nível de unidade dos partidos é diferenciado, com várias tendências, determinações por adoção de frentes, de interesses regionais.
Supor que é possível estruturar uma política sem reforma política profunda será muito difícil.
Vocês adoram que eu faça autocrítica, mas não posso fazer só para contentar porque não muda uma vírgula da realidade. 
A base não esfacelou. Não adianta analisar visão tradicional de partido. Não é assim que o Brasil funciona, a não ser que se tenha visão absolutamente idealista de partido político.
Não estou falando de mazelas, mas de diferenças partidárias. Não são partidos ideológicos, na qual se faz um acordo parlamentar. Um pouco disso (desses problemas) está existindo nos Estados Unidos, uma certa divisão pronunciado dentro do Partido Republicano.
Obama teve que negociar com minorias no último ano., Ele largou de mão. Fez acordo com Irã, Cuba, levou dois mandatos para aprovar Obama Care. Ou percebemos que há um processo bem complexo na relação do presidencialismo com o Congresso, ou vamos acreditar em contos de fada.

Impeachment, pacto e legitimidade

Acredito que é possível tecer um pacto. Mas alguns pré-requisitos são fundamentais.
Não é possível sem a legitimidade do voto, tentando transformar o impeachment em eleição indireta de quem não tem voto. Uma eleição indireta perigosíssima  porque não resolve os problemas do país.
Primeira coisa, voto popular.  De qualquer jeito consegue transformar se tiver voto popular.
O impeachment é previsto na Constituição. Os órgãos de imprensa esquecem-se de que o impeachment previsto na Constituição tem que ter base legal. Não dá para fazer salto no escuro de impeachment fraudulento sem base legal.
Não estou dizendo que terá consequências imediatas. Mas que marcará indelevelmente a história do presidencialismo no Brasil.
Não estou dizendo que vai haver. Estou explicitando o que os órgãos grandes de imprensa relutam em falar: é golpe. Estou fazendo uma denúncia: tem um estado de golpe sendo conspirado no Brasil. Tanto aqueles que agem abertamente a favor, como os que agem ocultamente e os que se omitem: todos serão responsáveis. Não se pode supor que determinados atos políticos são feitos sem consequências.
Depois, não pode ter vencidos nem vencedores. Chamaremos todos os partidos, setores econômicos e sociais para montar o próximo plano de governo.

Sobre o jogo político da Lava Jato

Vazamentos para si mesmo, nunca vi antes. O vazamento para si mesmo é algo fantástico. Vocês não são ingênuos e sabem que (a fala de Temer) não foi vazamento, mas uma manifestação deliberada, nunca vista antes, quando processo em curso e alguém tenta, sem olhar resultado, fazer o discurso do posse.
Chamei-o de chefe de golpe. Só não sei quem é o chefe é o vice-chefe, Acho que (Temer e Cunha) são associados. Um não age sem o outro. Uma parte do golpe depende diretamente do presidente da Câmara.

Sobre o estado mínimo

Nós não achamos que Estado tem que tratar só de educação, saúde e segurança. Fizemos um programa, o MCMV (Minha Casa Minha Vida),e hoje, de cada 8 brasileiros, um foi beneficiado com uma moradia. Tenho clareza do tamanho desse programa e de sua importância. No dia de hoje temos 4,3 milhões de moradias contratadas e 2,4 milhões entregues. E lançamos agora a segunda parte.
É importante do ponto de vista social e econômico. Não cria bolha imobiliária, assegura casa própria para população de baixa renda, tira um monte de gente de moradias de alto risco, transforma famílias em famílias mais estáveis.
Não é fundamental programa de segurança hídrica? Subestima-se a integração do São Francisco mas está quase pronta.
Na saúde, acabou a discussão sobre o Mais Médicos. Há 18 mil médicos atendendo 63 milhões de pessoas hoje. Tem 1,2 milhão cisternas distribuídas no Nordeste.
Estado mínimo é compatível com países desenvolvidos e, mesmo assim, alguns não fazem isso, como a Dinamarca, a Escandinávia toda.
Achar que resolve problemas do país ignorando a quantidade de atraso, de herança maldita de ano e anos em que parte da população foi retirada dos mecanismos da riqueza, é ter uma proposta totalmente dissonante em relação à realidade.
Outra coisa é achar que Estado precisa fazer coisas de que não precisa. Não tem que gastar dinheiro com o que a iniciativa privada faz melhor, mais rápido e mais eficiente.
E existem experiência bem sucedida nos aeroportos, em concessões e acho que as empresas brasileiras construtoras têm que ser encaradas como agentes de desenvolvimento e não como agentes de corrupção. Tem que impedir que se demonizem empresas, porque precisamos de empresas que constroem.
Investigue quem tiver que investigar, mas não destrua as empresas.
A grande competência dos EUA é a convicção da importância de suas empresas. Por esse método não sobraria um banco norte-americano depois da crise. Multaram, penalizaram, alguns fecharam.

Sobre a tensão pré-impeachment

Fico curiosa quando leio nos jornais Preocupações de ministros do meu governo com a votação do impeachment. É o Jornalismo mediúnico, vocês falam o que eu penso. Aí eu olho no espelho e digo: não falei.
Nessa reta final vamos sofrer uma guerra psicológica: eu tenho os votos, aquele não tem. O processo que tem um objetivo, de construir situação de efeito dominó.
É muito difícil neste momento chegar e dizer: um partido desembarcou do governo. Tem situações das mais variadas, de partidos que saem e as pessoas ficam. Tem variações, não tem relação linear entre líderes e liderados, característica do sistema político no Brasil, que torna extremamente complexa a análise da realidade e complexo o jogo político.

Relação com os poderes

Apesar de jovem democracia, há razoável independência dos poderes. Em relação ao STF, bastante clara. Em relação à estrutura do Judiciário federal, idem. A autonomia dos ministros, a independência dos poderes e a soberania do STF é inconteste.
Não acredito que tenhamos no Brasil uma fragilidade no que se refere às demais instituições, porque ganharam ao longo do tempo sua própria autonomia. No caso do MPF, a base é a Constituição de 1988, garantindo a cada procurador a Autonoma para investigar.  A Polícia Federal também tem atribuição de autonomia.
O interessante é avaliar não os poderes mas a imprensa, diante da continuidade do meu governo. A espetacularização da investigação vai continuar?
Uma coisa é investigar, outra é a espetacularização da investigação.
Vaza prova nos EUA, o que acontece? Se a prova não está em condições de ser vazada, anula. Aqui se grava o presidente da República sem autorização do STF, depois se vaza.
Nos últimos dias ficou claro que o que vazamento (dos diálogos com Lula)  diz respeito a mim, eu fui investigada, virada dos avessos, é evidência que não acharam outro motivo para tentar forçar meu impedimento. Então o jogo é muito difícil, a espetacularização significa vazamento dirigido, sem base legal e a gente sabe disso.

Sobre a repactuação

Temos que olhar todos os lados, mas respeitando todas as conquistas. Pacto não é só com oposição, mas com forças econômicas e movimentos sociais.
Coisa que Luis Nassif  falou e tem razão: nos últimos dias há uma reorganização das forças políticas de forma intensa, e se dando em torno de uma questão fundamental, que é a questão democrática.
É processo crescente.
Temos tido demonstrações de pessoas que não estão apoiando o governo. O que estão defendendo é um processo democrático. A última manifestação dos artistas é mito significativa.
Também tenho recebido relatos de manifestações extremas de ódio. A mais grave é da médica que abriu mão de cuidar de uma criança recém nascida.

Tags

Dilma, novo

 Admiro muito sua história política. E lamento muito todo o sofrimento ao qual foi submetida por covardes psicopatas justificados pelo fanatismo político. O mesmo tipo de fanatismo está ganhando espaço agora, insuflado pela irresponsabilidade e espírito pequeno de alguns. Contra ele só a serenidade, a firmeza de propósitos e a justiça que for possível.
Também tenho visto crescer nas ruas as demonstrações de fé na democracia e, por que não dizer, fé no projeto do PT, no que o partido  é capaz de simbolizar, na capacidade de mobilizar as pessoas pelas suas melhores intenções.
Não renuncie, em hipótese nenhuma, por favor. Temos que impedir que a quadrilha instalada no Congresso em conjunto com a parcela mais reacionária e gananciosa da sociedade triunfem sobre os esforços de décadas para fazer deste um lugar melhor e mais justo para vivermos.
Receba meus votos de saúde e felicidade.
http://jornalggn.com.br/noticia/dilma-a-esperanca-e-a-repactuacao#100

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Mirian Dutra diz que recebia US$ 3 mil de FHC

ESCLARECENDO

Em depoimento à PF, Mirian Dutra diz que recebia US$ 3 mil de FHC

Ela foi ouvida por declarações a revistas brasileiras, nas quais acusa o ex-presidente de ter enviado dinheiro para o exterior de forma irregular
ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL
mirian dutra
Mirian disse também que o ex-presidente usou uma empresa para enviar dinheiro para o filho no exterior
São Paulo – Em depoimento de quase seis horas, ontem (7), a jornalista Mirian Dutra, que teve um relacionamento extraconjugal com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante parte dos anos 1980 e início da década de 1990, confirmou que recebia cerca de US$ 3 mil mensais dele para bancar as despesas de educação de seu filho Tomás no exterior – cujo pai ela afirma ser o ex-presidente. As informações são do portal Brasil 247.
Ainda de acordo com o portal, a jornalista revelou também que FHC usou a empresa Brasif para enviar dinheiro para o filho no exterior, por meio de um contrato fictício de trabalho. A Brasif explorava os free shops (lojas com isenção de impostos) de aeroportos brasileiros na gestão do tucano.
Mirian foi ouvida por um delegado da Polícia Federal de Brasília, já que o inquérito, aberto em fevereiro deste ano, corre na capital do país. Ela foi ouvida por declarações a revistas brasileiras, nas quais acusa o ex-presidente de ter enviado dinheiro para o exterior de forma irregular para pagamento de despesas do filho .

Transferências

Em entrevista à revista BrazilcomZ, Mirian confirmou que teve um relacionamento com Fernando Henrique Cardoso antes de ele se tornar presidente da República, durante parte dos anos 1980 e início da década de 1990. Afirmou ainda que seu filho, Tomás Dutra Schmidt, hoje com 23 anos, é filho de FHC.
Mirian disse também que o ex-presidente usou uma empresa para enviar dinheiro para o filho no exterior.
À Folha de S. Paulo, a jornalista informou que a primeira transferência foi feita por meio de um contrato fictício de trabalho, no fim de 2002. O documento, obtido pelo jornal, mostra que a contratante é a Eurotrade, com sede nas Ilhas Cayman.
A empresa era subsidiária do grupo Brasif, que, na época, monopolizava a exploração de free shops, serviço administrado pelo governo federal. Apesar de ter dado dinheiro a Tomás, Mirian disse que FHC nunca assumiu a paternidade do rapaz. Perguntada sobre o motivo de só ter trazido os fatos à tona agora, a jornalista revelou que “está na hora das pessoas começarem a saber a verdade”.

Eurotrade

Procurada ontem pela Agência Brasil, a Brasif enviou uma nota afirmando que a Eurotrade, uma plataforma logística internacional das operações da Brasil Duty Free Shop, contratou, "em dezembro de 2002, a jornalista Mirian Dutra para realizar pesquisas sobre os preços em lojas e free shops na Europa" e que ela foi indicada para a função pelo jornalista Fernando Lemos, seu cunhado.
Na nota, a empresa assegurou que o "ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não teve qualquer participação na contratação, tampouco fez qualquer depósito na Eurotrade ou em outra empresa da Brasif". A empresa também informou que a Eurotrade e a Brasil Duty Free foram vendidas em 2006.
O advogado de Mirian Dutra, José Diogo Bastos, informou mais tarde a jornalistas, por telefone, que deve soltar uma nota amanhã (8) para comentar os depoimentos dados por sua cliente hoje. Ele preferiu não fazer comentários sobre o depoimento.
A reportagem também procurou o Instituto Fernando Henrique Cardoso, mas até o momento não recebeu resposta sobre a solicitação. Mais cedo, o instituto informou à Agência Brasil que esperaria o depoimento de Mirian Dutra para avaliar se haveria necessidade de se posicionar sobre as declarações.
Com informações da Agência Brasil e do portal Brasil 247
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/04/mirian-dutra-depoe-na-pf-e-diz-que-recebia-uss-3-mil-de-fhc-1091.html