“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”
Luís Fernando Veríssimo

sábado, 27 de agosto de 2016

Aniversário de Maria Inês Nassif no seu Facebook

Um agradecimento (triste) pelos votos de aniversário
No dia 23, entrei (a contragosto) no último ano dos meus 50. A partir de 23 de agosto de 2017, estarei na lista dos sexagenários que podem furar as filas e estacionar o carro em vagas preferenciais; e certamente passarei a receber um número maior de olhares complacentes das pessoas mais jovens, que ainda não perceberam que a idade é inexorável: a vida caminha sempre, para frente e para todos, exceto para aqueles que se retiram desse mundo antes do tempo.
Não me lembro de ter ficado chateada quando fiz 30, 40, ou mesmo 50. Meus 59, todavia, ficarão gravados entre os dias de minha vida em que mais tive dúvidas. Os cabelos brancos, as rugas, as aporrinhações diárias – nada disso me incomoda. O que mais me entristece é me sentir parte de uma geração que andou em círculos e chega agora à velhice no exato ponto em que estava na infância. Sessentões, bem-vindos a um país em que poucos mandam e muitos obedecem; a uma democracia manchada por poderes discricionários, agora de juízes da hora, procuradores e deputados e senadores com interesses mais que suspeitos; a uma ordem institucional que radicalizou a máxima de que aos amigos tudo, aos inimigos, a lei. Submetam-se a um poder político definido pelo poder econômico, que sequer tem o pudor de esconder sua natureza e seus vícios; e a uma oligarquia que os agentes da redemocratização fingiram não ver que era a grande chaga política do país e incompatível com a modernização, a humanização e a distribuição equitativa de poderes e direitos entre os brasileiros.
Assim comemorei o meu aniversário: com uma grande amargura, potencializada por uma dor imensa de ver o circo montado no Senado para tirar definitivamente do poder a presidenta Dilma Rousseff, democraticamente eleita pelo povo brasileiro, e substitui-la por uma político sem voto, sem caráter e de péssima reputação. Dia desses mandei o meu veneno para um infeliz que ainda insistia que o processo de impeachment não era golpe. “Tá bom, não é”, concordei, para espanto do interlocutor. Mas completei, tristemente: “É um assalto à mão armada”.
No dia 23, recebi muito votos de felicidade dos meus amigos do Facebook, o que me deixou muito feliz. Agradeço a cada um, de coração. Mas não posso deixar de confessar a vocês que, se os gestos de amizade me deram algum conforto na alma, não conseguiram abalar a imensa tristeza de ver o meu país jogado aos porcos. Os políticos tradicionais, os ministros do Supremo e os procuradores recém-saído dos cueiros acreditam que são tão inteligentes que podem subestimar nossa inteligência. Eles não são. Vencem apenas porque têm o monopólio da força e do poder econômico, só isso. Estão longe de terem convencido pessoas bem intencionadas de que a razão está com eles. A fila também anda para eles, e espero que no dia que falecerem, por velhice – não desejo mal a ninguém –, sejam enterrados junto com o lixo da história. Este é o único lugar que a Justiça, com jota maiúsculo, pode destinara eles.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Um inútil STF

O delegado de poliça que manda no STF



As retaliações da Lava Jato contra o ex-presidente Lula não atingem Lula. Pelo contrário, reforçam as hipóteses de perseguição política.
Mas são uma humilhação para a Justiça e para o Supremo Tribunal Federal. Mostram que um reles delegado de polícia, amparado pela mídia, tem mais poder que um Ministro do Supremo. Aos Ministros restam pequenas boutades, como a de Carmen Lúcia a versão feminina de Ayres Brito.
Afinal, aceitaram o cargo de Ministros para quê? Se não têm estrutura emocional para enfrentar pressões, que deixem os cargos. A apatia do STF antes os esbirros autoritários da Lava Jato é um dos episódios mais humilhantes da história do Judiciário.
http://jornalggn.com.br/noticia/o-delegado-de-polica-que-manda-no-stf

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Os motivos para transformar o soldado baleado em herói nacional

Centenas de policiais morrem todo ano em serviço, assim como marginais e  jovens negros de periferia.
A morte do policial da Força Nacional no Rio de Janeiro, no entanto, mereceu duas manifestações inusitadas. Do Ministro da Justiça Alexandre Morais, tratando-o como "herói do nosso povo" - designação que se dá a quem tomba no campo de batalha enfrentando inimigo externo. Do interino Michel Temer a decretação de luto oficial.
Por qualquer prisma, há que se lamentar a morte do soldado. Mas é evidente que há uma vontade no ar de estimular o clima de guerra interna.
Há duas intenções nisso. 
A primeira, de fortalecer o governo recriando o mito do inimigo interno. Funcionou com o PT. Com o PT fora de combate há que se recriar outro inimigo no imaginário nacional.Obviamente  vai sobrar para os movimentos populares.
A segunda, de incentivar as Forças Armadas a retomarem o conceito de guerra revolucionária interna, a fim de afastá-la das relevantes missões que lhe foram conferidas na última década,  da exploração do fundo do mar (com o pré-sal), a guerra tecnológica e a parte aeroespacial, projetos que estão sendo gradativamente retirados das mãos da elite militar e entregues a burocratas.
Resolução recente da ONU determinou que as riquezas do alto mar não serão propriedade territorial de ninguém, mas de quem tiver condições de explorá-las. Não se trata apenas de petróleo mas de um enorme conjunto de minérios. As Forças Armadas estavam empenhadas em fortalecer o pré-sal, no campo da defesa, tendo em vista esse cenário futuro.
http://jornalggn.com.br/noticia/os-motivos-para-transformar-o-soldado-baleado-em-heroi-nacional

domingo, 7 de agosto de 2016

Como curar diabétes

http://tratamentoparadiabetes.net/dr-rocha/

Gilmar Mendes e a extinção do PT, por Marcio Valley

do blog do Marcio Valley
Estudo acadêmico sobre o perfil dos "antipetistas puros" (excluídos os "impuros", ou seja, os que manifestam sentimentos positivos em relação a outros partidos) chega à seguinte conclusão: antipetistas não são conservadores; tendem a ser relativamente ricos; acreditam que o PT administrou mal a economia; manifestam sentimentos anticorrupção (desde 2006); e, mais importante, possuem atitudes negativas contra políticas de ação afirmativa que beneficiam afrobrasileiros. (extraído de Ciência Política, Sentimentos partidários e antipetismo, 2016, pág. 12)
Em paralelo, uma pesquisa do Vox Populi, de junho de 2015, sobre os limites do antipetismo na intenção de voto dos eleitores demonstrou que o eleitorado "potencial" do PT soma 48% dos eleitores, superando os 39% que não votariam no partido (Carta Capital, Os limites do antipetismo).
Eis aí uma possível explicação para a intenção do ministro Gilmar Mendes de requerer a extinção do PT: a farsa de que o PT é a origem de toda a corrupção brasileira somente foi recepcionada pela parcela rica da população, que abomina o discurso da generosidade e de redução das desigualdades sociais.
Esse alcance é insuficiente para eliminar a possibilidade de retorno do partido ao governo federal. Por conta disso, a "solução final" de Gilmar é simplesmente pôr na câmara de gás um partido que acolhe um terço do pensamento ideológico dos eleitores.
O que o infelizmente ministro não está levando em conta é o seguinte: para os eleitores, pouco importa o nome da agremiação, desde que saibam que determinado partido será o sucessor do PT, os votos convergirão para ele.
É como a piada do marido traído que retira o sofá da sala. O autoritarismo do Gilmar não resolverá, ainda bem.
Um dia pessoas como Gilmar Mendes compreenderão os limites de seu humano poder.
Tomara esse dia não tarde.
no blog: Gilmar Mendes e a extinção do PT
http://jornalggn.com.br/blog/marcio-valley/gilmar-mendes-e-a-extincao-do-pt-por-marcio-valley