Sistema pioneiro acelera transporte de cargas entre São Paulo e Baixada Santista
O tempo recorde é atingido
Tratam-se dos trens de carga que circulam no trecho chamado de Serra da Cremalheira,
“Cremalheira é para uma viagem expressa.
Eles existiram, sim, até 1990, segundo a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária. Mas a economia do País em desenvolvimento constante e a necessidade, cada vez mais crescente, de se explorar a ferrovia para desafogar as estradas fez com que as cargas – mais lucrativas – tomassem em definitivo o lugar das pessoas.
Reflita: o que você faz em até 16 minutos?
Cada segundo conta e o tempo, hoje, é precioso. Mas nesses 16 minutos também é possível subir a Serra do Mar. E a opção não é um helicóptero, que leva meia hora para fazer o trajeto.
O tempo recorde é atingido
por uma das maiores e
mais potentes locomotivas
elétricas em funcionamento
em todo o mundo.
Tratam-se dos trens de carga que circulam no trecho chamado de Serra da Cremalheira,
que interliga a Vila de Paranapiacaba, na Região Metropolitana de
São Paulo, até Cubatão, na Baixada Santista.
É um trajeto de quase 8 quilômetros de extensão, cuja inclinação dos trilhos é de pelo menos 10% – a Rodovia dos Imigrantes
tem até 6% de declividade máxima para os veículos.
Ao embarcar na cabine de uma locomotiva Stadler, fabricada na Suíça
exclusivamente para a Serra do Mar, a tecnologia chama atenção.
É confortável e tem até ar-condicionado – diferente das tradicionais a diesel,
que facilmente são encontradas circulando pelo litoral.
“É quase uma cabine de avião”, brinca o maquinista Juliano Santos,
de 33 anos, há uma década na profissão.
.
Fazer o trajeto pela primeira vez oferece uma vaga impressão de que se está em uma tradicional montanha russa. Ao sair da estação e atingir o topo da Serra, não é possível enxergar mais nada além do horizonte azul nos dias de tempo aberto. Segundos após, o trem inclina para baixo bruscamente para descer 800 metros sinuosos de desnível natural.
Diferente do popular brinquedo do parque de diversões, ele não desliza até o Litoral. Se o fizesse, certamente o trajeto não seria seguro: isso porque são 750 toneladas carregadas em cada subida e descida. É como se a locomotiva levasse, a cada viagem, um monumento inteiro do Cristo Redentor ou, então, 500 mil barracas de praia que são vistas nas praias da Baixada Santista. Aliás, uma observação: enquanto a subida leva incríveis 16 minutos, a descida é feita em 19 minutos.
16
minutos de viagem
800
metros de desnível
750
toneladas de carga
35
quilômetros por hora
A natureza exuberante, que hoje até passa despercebida por Juliano, impressiona não só quem está ali pela primeira vez, como também aqueles que estão começando no trajeto. A exemplo está o maquinista Mike Fogaça, de Praia Grande, que aos 32 anos enfrenta o maior desafio de um profissional da área.
Antes mesmo que se possa notar, lá está ela: a estação Raiz da Serra, em Cubatão. É onde as poderosas locomotivas entregam os vagões para as que são movidas a diesel e que vão despachar as composições para os terminais do Porto de Santos. A operação é rápida, dura menos de 10 minutos, e lá está ela pronta para subir a Serra do Mar novamente.
A cremalheira é a única maneira de vencer a Serra?
Não. Há ainda o trecho chamado de simples aderência, que possui 2% de inclinação e é utilizado pelas locomotivas da ALL-Rumo. Diferente da cremalheira, que é administrada pela MRS Logística, o trajeto alternativo é realizado, em aproximadamente, 3 horas. O desnível é similar: 740 metros entre o ponto mais alto e a altitude zero. A linha férrea se inicia em Evangelista de Souza (Grande São Paulo) e termina em Paratinga (São Vicente). Entre os entusiastas do transporte de passageiros, a simples aderência seria a alternativa perfeita para o turismo.
“Cremalheira é para uma viagem expressa.
A outra opção (simples aderência) teria que ser turística, pois é uma viagem mais demorada e temos que pensar na ferrovia como algo rápido e ágil”
José Manoel Gonçalves, presidente da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias
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