“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”
Luís Fernando Veríssimo

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Alexandre de Moraes, e a carreira pavimentada a sangue

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Delegados da Polícia Civil de São Paulo cunharam o apelido de Kojak para o então Secretário Alexandre de Moraes. Em parte, pela calva. Muito pela fixação nos holofotes. Fazia questão de ser comunicado sobre as operações mais irrelevantes, para ser ele a pessoa a anunciar a operação e os resultados.
O carnaval em torno dos supostos terroristas que criavam galinhas seguiu essa linha. Mas, aí, com uma irresponsabilidade monumental. O estardalhaço em cima de um factoide não só ajudou a carregar mais nuvens sobre os céus das Olimpíadas, como a chamar a atenção dos malucos sobre a possibilidade de atentados terroristas no evento.
No auge dos sequestros em São Paulo, havia um pacto tácito com a imprensa para não fazer estardalhaço, pois inevitavelmente produziria um efeito-demonstração. Com atentados, o efeito é maior ainda, porque hoje em dia, na cabeça dos desajustados, as redes sociais provocam uma confusão entre o virtual e o real.
Não é o problema maior de Moraes.
Trata-se de um caso clássico do político sem princípios, que de adapta a qualquer circunstância.
Nos tempos de Saulo de Castro Abreu na Secretaria de Segurança de Alckmin, Moraes exercia uma espécie de contraponto mais racional. Com Gilberto Kassab na prefeitura de São Paulo, vestiu o figurino de gestor. De volta à Secretaria de Segurança de um governador linha-dura, sancionou todas as arbitrariedades da Polícia Militar. Conseguiu o feito de, no período de maiores denúncias de arbitrariedades da PM, registrar o menor número de punições.
Nas passeatas, agiu como polícia política, reprimindo as manifestações contra o impeachment, invadindo a sede de torcidas organizadas críticas do golpe, fechando as ruas que davam para o local de eventos fechados.
Provavelmente é a mais nefasta figura que surgiu no universo político nas últimas décadas. Não apenas por colocar permanentemente a carreira acima dos princípios e valores, mas por ter sido responsável pelo aumento expressivo de mortes na periferia.
Literalmente, está asfaltando a carreira política com o sangue dos jovens assassinados.

http://jornalggn.com.br/noticia/alexandre-de-moraes-e-a-carreira-pavimentada-a-sangue

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