“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”
Luís Fernando Veríssimo

domingo, 25 de setembro de 2016

Entrevistas Clube dos Garotos – 8 – Fernando Haddad, por Rui Daher

por Rui Daher

Texto de ‘fricção’ confeccionado em organdi pelos jornalistas Rui Daher, Nestor Gruppo e Regularte Pestana, patrocinado pelas Estampas Eucalol com apoio dos baralhos “Dirigindo não Jogue”.


A uma semana do 1º turno das eleições para prefeito de São Paulo, depois de termos entrevistado os candidatos João Dória, José Maria Eymael e o substituto João Bico, Marta Suplicy, Luiza Erundina, Celso Russomanno em debate com Henrique Áreas, Major Olímpio, seria injusto não darmos oportunidade ao atual prefeito, Fernando Haddad, de expor suas ideias em caso de continuar gerindo a cidade.
Pela quinta vez, assim, pedimos desculpas a Levy Fidélix e à sua filha Lívia, candidata a vereadora, 28.028 (o óbolo ainda não entrou na conta) pelo adiamento da sua entrevista. Quem sabe no 2º turno, doutor.
Ao contrário dos pretensos leitores, que em conta de sermos pretensos engraçadinhos, pensaram que iniciaríamos o texto dizendo que Haddad chegou para a entrevista em trajes de ciclista e pedalando, informamos: ferraram-se.
O prefeito chegou num carro, dirigido por Gabriel Chalita, seu vice na chapa, com enorme cartaz no para-brisa traseiro, onde se lia: “Vote Haddad. Escrevi 60 livros, ele 5, mas merece seu voto”.
Feitas as apresentações, nos sentamos ao redor de uma mesa especialmente colocada em nossa Redação pelo pessoal do GGN, com duas tarjas vermelhas desenhadas sobre ela. (Atenção: verificar se houve intenção quinta-coluna).
Desta vez, para evitar o ocorrido na última entrevista, deixo a primeira pergunta para o equilibrado Pestana.
- Candidato Fernando Haddad ...
- Como? Por acaso estamos na TV Globo, frente a Trallis ou Bonners? Meu nome é Fernando, sem o candidato, se o quiserem mais completo, Fernando Haddad, que árabes não costumam declarar o sobrenome da mãe no rebento filho homem. Prossigam.
Percebo que Pestana tinha perdido o fio-da-meada e aproveito a deixa:
- Sou uma exceção, Fernando. Meu nome completo é Rui Marin Daher, o Marin vindo de Pelotas, Rio Grande do Sul, onde nasceu minha mãe, filha de um espanhol.
- Então por que você escamoteia o sobrenome dela?
- Serasa, SPC, MPF, Moro, Pirulão de Pato Branco, DOPS, ah, este não existe mais, mas sempre pode voltar. Coisas assim, Fernando.
- Eu sou Gabriel Benedito Issaac Chalita, interfere o educador.
- Esse é mais! Tem anjo, negro, judeu, árabe, o siri e o cacete. Desculpem. Quis apenas descontrair ...
- E alguém aqui está contraído, Nestor?
Explico: por mais que tenhamos aconselhado, o Nestor insistiu em aguardar a hora da entrevista num boteco da esquina. O Pestana contou quatro Salinas. Sei que ele me acompanhou em dois chopes. E mais não digo.
- Fernando, não podemos deixar de comentar os últimos resultados das pesquisas de intenções de votos. Segundo elas, você não vai ao 2º turno.
- Quando me elegi prefeito não foi diferente. O poste de Lula, lembra?
- Sim, mas era outro Lula, outro PT.
- Lula, até imbecis coxinhas já perceberam tratar-se de uma perseguição para evitar que ele seja candidato à presidência, em 2018. E não sou candidato do PT como propalam, mas pelo (se exalta) PT, repito pelo (!), e não só, mas do PDT, PCdoB, PROS e PR, que formam a Coligação Mais São Paulo.
- Sua resposta implica tentativa de se dissociar dos últimos acontecimentos que prejudicaram a imagem do Partido dos Trabalhadores, particularmente em São Paulo?
- Absolutamente não! Ou você acha que a boa aceitação momentânea da Marta se deve aos feitos dela nas clínicas de Botox ou quando prefeita pelo PT? O que fiz foi melhorar suas realizações de quando pertenceu aos quadros do PT Pelos resultados do Botox não me responsabilizo.
Volta o Nestor:
- Nem eu. Entortou a boca de um jeito. Parece que teve uma doença grave que o nome evito mencionar. T’esconjuro Satanás! Vixe, me passou um frio na espinha. Poderíamos dar um tempo e chegar num bar ali da Angélica para um cafezinho.
Sabedor que café seria o último líquido de que Nestor se serviria, corto.
- Desnecessário. O pessoal do GGN providenciou um coffee break que deve estar prestes a chegar. Tenho uma pergunta importante. Seus críticos dizem que até aqui suas realizações foram tópicas, dirigidas para as regiões mais nobres da cidade, como as ciclovias, a explosão de faixas únicas para ônibus, limites de velocidade nas vias carroçáveis, domingos de lazer na Paulista. E a periferia? Nada?
- Tópico evitar quase 500 mortes no trânsito? Proporcionar diversão a todas as classes sociais, diminuir o tempo de condução de casa ao trabalho e vice-versa? Periferia? Visitem os CEUs e vejam quanto os melhorei.
- Sobre o de Paraisópolis, posso confirmar. Meu filho, Gabriel, é arte-educador lá. Mas, então, por que tanta rejeição?
- Você mesmo já mencionou, tergiversei, e não irei além.
Nestor cochicha no ouvido de Pestana, que balança a cabeça concordando e mete bronca:
- Porra, faltava não ser rejeitado. Petista histórico, foi ministro da Educação de Lula, o facínora apud Moro, escreveu o livro “Em defesa do socialismo”, criou o ProUni, liberou o Uber e mexeu com o malufismo “taxidérmico”, e ainda quer continuar prefeito da capital do Tucanistão? Tá louco, sô? Nem se quibes e esfihas votassem o senhor se reelegeria.
É Chalita quem tenta fechar:
- Somos todos do bem. Será reconhecido com muito amor.
Nestor insiste em dar a última palavra:

- Sim, da mulher e filhos. Nem mesmo da esquerda que vai para as eleições mais fragmentada que vidro estilhaçado.
http://jornalggn.com.br/blog/rui-daher/entrevistas-clube-dos-garotos-%E2%80%93-8-%E2%80%93-fernando-haddad-por-rui-daher

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