“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”
Luís Fernando Veríssimo

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Caem as máscaras




Todas as baixarias desta campanha eleitoral servem ao menos para uma coisa: explicitar de forma inequívoca o ódio de classes existente no Brasil.

Ele se manifesta com todas as letras nessas correntes de e-mail mentirosas e difamatórias que correm a internet; nesses panfletos imundos que são colados nas madrugadas em postes públicos; nas pregações aterrorizantes de religiosos fundamentalistas; nas conversas preconceituosas de burgueses ou classe-médias inconformados com a mobilidade social; nas frases cavilosas de políticos de baixíssimo clero; em artigos furtivos de jornalistas de resultados em jornalões e pasquins; nas atitudes arrogantes de uma elite que teme, apavorada, ver a gentalha tomar conta de aeroportos, hotéis, restaurantes, supermercados, cabeleireiros, shopping centers, rodovias, ruas bem pavimentadas de bairros chiques e agências bancárias, e, pasmem!, preferir empregos com carteira assinada ao velho e bom trabalho de empregadas domésticas.
O histerismo que toma conta dessa gente, com a defesa radical e irracional de um candidato que nada oferece ao seu eleitor a não ser uma biografia inventada e alguns slogans absolutamente vazios, e o ataque vil e infame contra sua adversária, é um sinal que algo mudou neste país.
Ver tanta gente que até outro dia permanecia completamente apática, como que vivendo sob o efeito de uma droga da felicidade que obscurecia todo o sentido da realidade, funciona como uma aula de história: como em outras vezes, em outros lugares, algo muito grave, muito profundo, uma revolução, talvez, está para acontecer.
E essa gente se engaja num salve-se-quem-puder mais que atônito, desesperado, deixando de lado todos os antigos pudores, todos os ritos de sua classe, todas as "boas maneiras" aprendidas nos melhores colégios que o dinheiro pode pagar, para exibir essa face horrível, essa boca cheia de dentes selvagens e capaz de proferir os mais torpes impropérios.
Sem as caras roupas de grife a cobrí-los, eles não são nada.
Daqui http://bit.ly/bqxxc6

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