“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”
Luís Fernando Veríssimo

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Dercy chegando no Céu


 Sem ofensa nenhuma pelo Brasil que eu amo!!!!!



– Porra, tá frio aqui em cima.
– O céu não tem temperatura, minha senhora – pondera o

 porteiro celestial de plantão.
– Não tem o cacête. Tá frio sim senhor – insiste Dercy.
– Prefere o inferno? Lá é mais quentinho!
– Manda tua mãe pra lá. Cadê o Pedro?
– Pedro só atende aos purificados.
– E eu tô suja por acaso? Tô cagada, mijada ou esporrada?
– Você primeiro tem que passar pelo purgatório, 

ajustar umas continhas…
– Não devo nada a viado nenhum.
– Você foi muito sapeca lá por baixo.
– Como é que você sabe? Andava escondido debaixo das minhas saias?
– Dercy, daqui de cima a gente vê tudo.
– Vê porra nenhuma. Vê a pobreza, a violência, meninas de 

4 anos sendo estupradas pelos pais, político metendo a mão 
no dinheiro dos pobres, carinha cheirando até bosta pra ficar doidão? 
O que vocês vêem? Só olhavam pra mim?
– Você fala muito palavrão.
– Eu sempre disse que o palavrão estava na cabeça de quem escutava. 

Palavrão é a fome, a falta de moral destes caras que pensam 
que o Brasil é deles. Esses goelas grandes e seus assessores 
laranjas, tangerinas e o cacête!
– Está vendo? Outro palavrão.
– Cacête é palavrão, seu porteiro do caralho? Palavrão é a Puta Que o Pariu!

(Silêncio por alguns segundos)
– Seja bem vinda Dercy Gonçalves. Sou Pedro. Pode entrar.
– CARAAAAAALHO!!! Não é que eu morri mesmo?!!! 
E o purgatório?
 Você já passou 101 anos lá no Brasil. Venha descansar!!!

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